domingo, 16 de novembro de 2008

Artigo: Pequenos atletas

Pequenos atletas

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Mexer o corpo desde cedo traz uma série de benefícios. Mas fique do olho nos exageros.

De pequenino é que se torce o pepino. E também o tornozelo, o ombro, o joelho...Em tempos de Olimpíadas, quando nossos olhos brilham diante do desempenho de atletas profissionais, não é demais lembrar que a prática de atividade física deve ter limites em todas as idades, principalmente na infância. "A especialização precoce em apenas uma modalidade pode trazer problemas físicos e psicológicos", diz Roberto Rodrigues Paes, professor da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista.

Exigir que a meninada siga regras, cobrar resultados e submeter os pequenos a longos períodos de treinamento é o caminho mais rápido para comprometer as habilidades motoras. Além disso, o tiro pode sair pela culatra: em vez de despertar o interesse pela prática esportiva, as aulas acabam por desencorajá-los. "A criança pode ser muito boa em um único esporte", explica Katia Rubio, presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte. "Mas enfrentará dificuldades de força e equilíbrio no futuro se não tiver praticado os movimentos básicos." Ou seja, ficar limitado a uma modalidade na mais tenra infância pode ter conseqüências mais tarde.

Deixar que garotas e garotos passem horas a fio segurando o controle do videogame, por outro lado, estimula o sedentarismo e aumenta o risco de obesidade e de doenças cardíacas. Como, então, encontrar o equilíbrio entre o excesso e a falta de exercício físico?

Se o seu filho ainda não completou 6 anos, o que ele precisa para crescer saudável é uma boa dose de brincadeira. Criança que corre, pula e se pendura no trepa-trepa volta para casa cheia de arranhões, é verdade. Mas também conhece os limites do seu corpo e aprende a se relacionar socialmente. "Praticado de maneira adequada, o exercício só melhora a qualidade de vida", acredita a pediatra Beatriz Perondi, médica do esporte da Universidade de São Paulo. Ela afirma que a especialização esportiva deve começar somente depois dos 10 anos. Antes disso, o ideal é que a garotada experimente a maior variedade de movimentos possível.
Normalmente, a escola se responsabiliza por apresentar aos pequenos uma série de atividades recreativas. "Por isso é importante conferir se a instituição tem um projeto pedagógico de educação por meio do movimento", orienta Katia Rubio. Matricular seu filho em uma escolinha de esporte também é válido. Desde que lá ele brinque à vontade, sem sentir-se pressionado ou desestimulado. "A questão lúdica é fundamental. Por meio de jogos e brincadeiras é que se convence a criança a praticar esporte durante toda a vida", enfatiza Roberto Rodrigues Paes, da Unicamp.

Segundo os especialistas, a freqüência com que as atividades são realizadas varia de criança para criança. Além disso, é importante que o médico esteja acompanhando seu crescimento e peso. Mas essencial mesmo é que a própria criança se mostre satisfeita em suar a camisa. Aí, sim, o exercício está liberado.

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